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Centenário da Soja: Qual foi a sua evolução em 100 anos no Brasil?

Originária da China Central, a soja chegou no Brasil de maneira modesta. 100 anos depois, somos os maiores produtores e os maiores exportadores da cultura no mundo.

 

Centenário da Soja: Qual foi a sua evolução em 100 anos no Brasil?

O Brasil é hoje o maior produtor e exportador de soja do mundo, mas essa trajetória de sucesso tem raízes que remontam a um século atrás. 

A soja, uma leguminosa que desempenha um papel crucial na agricultura e na economia brasileira, chegou ao país há 100 anos, iniciando uma jornada de transformação que impactou não apenas o campo, mas também a sociedade e a economia como um todo. 

Neste texto, exploraremos a chegada da soja ao Brasil, sua expansão, os produtos derivados do complexo soja, o destino da nossa produção e os desafios que ainda enfrentamos.

Neste artigo você encontrará:

Como a soja chegou ao Brasil?

Nós estamos comemorando oficialmente os 100 anos da soja produzida comercialmente no Brasil, mas a verdade é que ela está em território nacional há 142 anos. Os primeiros materiais chegaram ao Brasil através do professor Gustavo Dutra, da Escola de Agronomia da Bahia em 1882. O grão foi estudado e testado na Bahia e posteriormente em São Paulo, em 1891.

Em 1914 a cultura foi oficialmente introduzida em Santa Rosa, no Rio Grande do Sul. As condições climáticas da região foram um fator importante para o sucesso  no plantio, visto que o município apresenta clima similar às áreas cultivadas nos EUA, de onde as sementes vieram. 

Primeiramente, a soja foi plantada por moradores em hortas, para alimentação das famílias e para tratar os animais. Dez anos depois, em 1924, começou a produção em escala comercial do grão que se tornaria uma potência econômica em escala mundial.

Expansão da Soja no Brasil

O governo brasileiro, reconhecendo a importância estratégica da soja, investiu em pesquisas e em programas de incentivo ao cultivo, o que acelerou a expansão da cultura em território nacional. Um exemplo foi o Plano Estadual de Melhoramento da Fertilidade do Solo do Rio Grande do Sul, chamado de Operação Tatu, programa iniciado no município de Ibirubá em 1966. 

A operação foi um esforço conjunto de várias instituições e agências ligadas ao setor primário do Rio Grande do Sul, com destaque para a participação da UFRGS, por meio da Faculdade de Agronomia, e da Ascar/Emater. Teve como objetivo recuperar, melhorar e incrementar a produtividade da agricultura no estado, especialmente por meio da análise e da recuperação da fertilidade dos solos.

Outro exemplo do investimento realizado em pesquisa pelo governo, foi a criação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária  (Embrapa), que por sua vez criou a Embrapa Soja

O Avanço nos estudos da Embrapa Soja possibilitou o desenvolvimento de cultivares adaptadas às nossas realidades, multiplicando nossa produção e se tornando referência em pesquisa de soja para regiões tropicais.

Nos anos 80 e 90, a cultura começou a se expandir do Sul para o Centro-Oeste do país, uma região então pouco explorada para a agricultura. 

A introdução de novas tecnologias, maquinário, avanço em estudos genéticos para desenvolvimento de sementes com características superiores e técnicas avançadas de cultivo, ajudaram a aumentar a produtividade e a viabilidade econômica da soja, em um período que ficou conhecido como a revolução verde.

O boom na produção de soja também está associado ao aumento da demanda global, especialmente da China, que se tornou um dos maiores importadores da commodity. Com a demanda crescente, o Brasil continuou a expandir suas áreas de cultivo, muitas vezes em regiões antes não dedicadas à agricultura, como o Mato Grosso e o Pará.

Além disso, em paralelo com o desenvolvimento do cultivo de soja no Brasil, foi necessário o desenvolvimento de infraestrutura, como estradas e portos, possibilitando o escoamento da produção.  

A construção de novas rotas de transporte e a modernização dos portos facilitaram a exportação da soja, abrindo novos mercados internacionais e tornando o Brasil um player importante no comércio global de grãos.

Estes desenvolvimentos culminaram na criação de cidades e de municípios em regiões antes remotas e de difícil acesso.

Quanto produzimos de soja no Brasil?

Como abordado anteriormente, conforme o crescimento em pesquisa e o desenvolvimento de novas tecnologias, a produção e a produtividade da soja aumentou muito nos últimos anos. 

Abaixo, representamos graficamente esta evolução com base nos dados históricos disponibilizado pela Companhia Nacional de Abastecimento - CONAB, dos anos safras de 1976 a 2023.

Como podemos observar, a partir dos anos 1990, por consequência da revolução verde, os números brasileiros tiveram um rápido crescimento, tanto em produtividade, produção e na área plantada.

Se utilizarmos os dados dos últimos 40 anos como exemplo, de 1982 a 2022, vamos observar os seguintes crescimentos:   

Produtividade:  de 1.728  sacas por hectare para 3.500 sacas por hectare. Crescimento superior a  102,55%
Produção:  de 14.5 milhões de toneladas para 150 milhões de toneladas. Crescimento de 934%
Área: de 8.412 milhões de hectares para 46.030 milhões de hectares . Crescimento de 447%.

Qual a importância da soja?

A sua importância se deve a uma combinação de fatores que vão além da produção em larga escala. A soja é uma fonte crucial de proteína vegetal, tanto para alimentação humana quanto para a produção de rações animais. Além disso, o grão é amplamente utilizado na produção de óleo, biodiesel, e até mesmo bioplásticos.
Os derivados de soja estão presentes em produtos como: cosméticos, medicamentos, achocolatados, sorvetes, maionese, papinhas para bebês, barras de cereais, tintas, solventes, entre outros.

No Brasil, o cultivo da soja tem sido um dos principais motores do agronegócio, com expressiva exportação para países como China e Europa, que demandam grandes quantidades do grão para alimentação animal.

Quanto da soja que produzimos fica no Brasil?

Uma parte da soja produzida fica no Brasil em forma de estoque ou para processamento, no entanto, a maior parte da soja produzida é exportada. Estima-se que cerca de 70% a 80% da produção brasileira de soja seja destinada ao mercado externo.

No mercado interno, a soja é utilizada principalmente na produção de ração animal, que é essencial para a pecuária nacional. Além disso, a soja é processada para a produção de óleo e farelo, que são utilizados na indústria alimentícia e em outros setores. O crescimento da produção de soja e a expansão da indústria de processamento têm contribuído para o desenvolvimento da cadeia produtiva da soja no Brasil.

Segundo dados da Associação dos Produtores de Soja do Brasil (APROSOJA), 44% da soja produzida no Brasil é exportada in natura, 7% fica como estoque nocional e outros 49% vão para o processamento ainda em território nacional.

Do material processado, 75% também será exportado, mas com valor agregado, na forma de farelo de soja, óleo, biodiesel e outros insumos.

Fonte: APROSOJA

Para onde vai a nossa soja?

A soja brasileira é amplamente exportada para vários países ao redor do mundo, porém, a China é o principal destino, absorvendo uma grande parte das exportações brasileiras. A demanda chinesa por soja está relacionada principalmente à necessidade de ração para a crescente indústria de suínos e aves do país. 

Não é de hoje que o gigante asiático é a principal relação comercial da cultura. De acordo com dados do Comex Stat e conteúdo publicado no Canal Rural, 73% da soja exportada do Brasil em 2024 teve como destino a China. Em 2018 as exportações extrapolaram os 80%.

Arte: Canal Rural

Vale ressaltar que estes 73,75% são referentes às exportações e não à produção total de soja brasileira.

As exportações de soja têm sido uma importante fonte de receita para o Brasil, contribuindo para o equilíbrio da balança comercial e apoiando o crescimento econômico do país. No entanto, a dependência das exportações também expõe o Brasil a riscos associados a flutuações na demanda global e a barreiras comerciais impostas por outros países.

Outros destinos importantes incluem países da União Europeia, que importam soja para uso em alimentos e rações, e nações da Ásia, como Japão e Coreia do Sul. O Brasil também exporta soja para o Oriente Médio e para o mercado norte-americano.

 

Quais os produtos do complexo soja?

produtos e subprodutos que têm diversas aplicações. O complexo soja inclui:
Óleo de Soja: Usado em alimentos processados, frituras e na indústria de cosméticos e farmacêutica.
Farelo de Soja: Principalmente utilizado como ração animal, é um subproduto rico em proteínas que alimenta aves, suínos e outros animais.
Leite de Soja: Uma alternativa ao leite de vaca, especialmente popular entre consumidores que buscam opções vegetais ou têm intolerância à lactose.
Proteína de Soja: Utilizada em alimentos vegetarianos e veganos como substituto da carne.
Lecitina de Soja: Um emulsificante encontrado em uma variedade de alimentos processados e produtos farmacêuticos.

Cada um desses produtos desempenha um papel importante na economia e na dieta global, demonstrando a versatilidade e a importância da soja na indústria de maneira geral, não apenas na alimentícia.

Apesar do sucesso produtivo e da importância da soja para a agricultura brasileira, a cultura enfrenta desafios e sempre temos a possibilidade de melhorar o que está sendo feito.

Com o avanço da agricultura de precisão, o produtor pode tomar decisões com base em dados, auxiliando na gestão da propriedade, minimizando o uso de insumos e otimizando o rendimento operacional das máquinas, gerando economia e fazendo com que no fim da colheita o saldo seja mais positivo.

Os 100 anos da soja no Brasil representam uma história de transformação e sucesso, marcada por inovações tecnológicas, expansão agrícola e um impacto significativo na economia e na sociedade.

Com uma trajetória que começou modestamente e se transformou em um gigante global, a soja continua sendo uma peça-chave no agronegócio e na economia brasileira.