A adoção de práticas que não agridam tanto o solo e que garantam a sua fertilidade e longevidade são assuntos frequentes no mundo da agricultura. Confira como a agricultura regenerativa pode ser uma boa opção!
A agricultura regenerativa é um conjunto de práticas agrícolas sustentáveis que estão ganhando cada vez mais reconhecimento mundialmente. Ela não visa apenas a produção de alimentos, mas também a conservação dos ecossistemas e a melhoria contínua da saúde do solo, que é o maior patrimônio de todo agricultor.
Apesar de considerada uma prática nova, a agricultura regenerativa foi desenvolvida na década de 1980 pelo americano Robert Rodale, que adotou ações para promover a biodiversidade, o sequestro de carbono e a saúde ambiental.
Neste artigo, vamos falar sobre o que é a agricultura regenerativa, como ela surgiu, os pilares que a norteiam, suas vantagens para os agricultores e como começar a utilizá-la.
Aqui, você vai encontrar:
- O que é agricultura regenerativa?
- Como surgiu a agricultura regenerativa?
- Quais são os pilares da agricultura regenerativa?
- As vantagens da agricultura regenerativa
- Como adotar a agricultura regenerativa?
O que é agricultura regenerativa?
A agricultura regenerativa é um modelo de gestão agrícola focado na restauração e revitalização dos ecossistemas. Ela vai além da questão ecológica, visando principalmente a regeneração do solo, a promoção da biodiversidade e a captura de carbono.
Esta abordagem considera que os seres vivos e os fatores ambientais sustentam a agricultura, buscando otimizar a intervenção humana para criar sistemas agrícolas mais saudáveis, resilientes e produtivos.
Para isso, a agricultura regenerativa adota ações como a rotação de culturas, a cobertura do solo e a integração de animais. Além de melhorar a produção agrícola, essas práticas contribuem para a preservação dos recursos naturais para o futuro da propriedade e futuras gerações.
Como surgiu a agricultura regenerativa?
A agricultura regenerativa surgiu na década de 1980 como uma evolução da agricultura orgânica, idealizada por Robert Rodale. Insatisfeito com o caminho que a agricultura orgânica havia tomado, Rodale buscou estabelecer e aprimorar os princípios conservacionistas da agricultura dos anos 1940.
Ele utilizou o termo "agricultura regenerativa" para descrever uma abordagem que utilizasse práticas de saúde do solo e gestão da terra, promovendo a biodiversidade e o equilíbrio ecológico.
A ideia central era criar um sistema agrícola que não só sustentasse a produção de alimentos, mas também regenerasse os ecossistemas e melhorasse a qualidade do solo a longo prazo.
Quais os pilares da agricultura regenerativa?
Antes de começar a atuar com agricultura regenerativa, é interessante compreender que ela é sustentada por cinco pilares.
- Menos perturbações ao solo
Uma das principais ações da agricultura regenerativa é evitar interferências desnecessárias no solo, como o arado, que revolve a camada superficial antes do plantio.
Esse tipo de distúrbio pode causar a degradação do solo a longo prazo, liberando nutrientes apenas inicialmente e, com o tempo, matando microrganismos vitais que vivem nos primeiros centímetros do solo.
- Manter o solo coberto
Cuidar do solo e não deixá-lo descoberto é outro princípio fundamental da agricultura regenerativa. Fazer a cobertura com plantas vivas ou resíduos de culturas, como palha, protege o solo contra o impacto das gotas de chuva, que geram selamento superficial do solo, diminuindo a infiltração de água e facilitando processos erosivos.
Essa cobertura também contribui para evitar a compactação do solo e manter a saúde do solo em momentos de calor extremo ou frio, já que regula a temperatura ao atuar como isolante térmico e fornecer sombra ou, manter o solo mais fresco no verão ao bloquear a radiação solar direta e mais quente no inverno ao reduzir a perda de calor.
Além disso, ajuda a manter a estrutura do solo, auxília no sequestro de carbono e no controle de pragas e plantas daninhas.
- Manutenção de plantas vivas
A agricultura regenerativa valoriza a manutenção de raízes vivas no solo. As raízes ciclam os nutrientes e liberam exsudatos fornecendo substrato aos microrganismos do solo e criando caminhos preferenciais para infiltração de água. Além disso, a manutenção de plantas vivas propicia a elevação de matéria orgânica, trazendo benefícios químicos, físicos e biológicos.
Esse princípio reforça a recomendação do sistema de plantio direto, que prevê a manutenção e rotação da cobertura do solo.
- Introdução do gado no campo
Em locais onde é necessário deixar o solo sem nenhuma cultura ativa, a agricultura regenerativa recomenda a reintrodução de animais, como o gado, na lavoura. Isso ajuda a reciclar nutrientes do solo, aumentar a matéria orgânica e reduzir a necessidade de fertilizantes.
O pastoreio bem manejado contribui para a estruturação solo, dispersão de sementes e fertilização natural com esterco, promovendo o uso inteligente dos recursos naturais e aumentando a produtividade.
- Diversificação de culturas
Plantar diferentes culturas é essencial para a agricultura regenerativa, pois contribui para a diversidade vegetal. A monocultura limita a capacidade do solo de desenvolver nutrientes, enquanto a rotação de culturas garante ciclagem de nutrientes, o sequestro de carbono e a redução de plantas daninhas e doenças. A diversidade de plantas promove um ecossistema agrícola mais equilibrado e sustentável.
Esses pilares são fundamentais para a implementação bem-sucedida da agricultura regenerativa, garantindo um sistema agrícola mais resiliente, produtivo e sustentável.
As vantagens da Agricultura Regenerativa
A agricultura regenerativa é uma abordagem sustentável que estimula o solo, oferecendo vantagens ambientais e econômicas em comparação com os métodos tradicionais. Ela traz melhorias significativas para a qualidade do solo, restaurando e mantendo sua fertilidade, além de conservar e aumentar a biodiversidade dos ecossistemas.
Também aumenta o sequestro de carbono e melhora o estoque de carbono do solo, essencial para auxiliar as plantas durante as mudanças climáticas. Com práticas como a rotação de culturas e a integração de animais, promove-se a biodiversidade, criando um ecossistema agrícola equilibrado.
Com práticas regenerativas, os agricultores podem se preparar para o mercado de carbono e atender às demandas globais cada vez maiores de sustentabilidade. Eles obtêm vantagens competitivas ao produzir alimentos de alta qualidade e reduzir custos e aumentar a resiliência das lavouras.
Ao aumentar a matéria orgânica presente no solo, a agricultura regenerativa melhora a capacidade de retenção de água e o sequestro de carbono em maiores profundidades, ajudando a reduzir os níveis de CO2 atmosférico.
Produtos cultivados por meio de práticas regenerativas frequentemente possuem melhor sabor, maior valor nutricional e menor presença de resíduos químicos, o que atrai consumidores conscientes da saúde.
Além disso, a adoção de práticas regenerativas pode levar à obtenção de certificações ambientais e selos de qualidade, que são reconhecidos e valorizados no mercado, diferenciando esses produtos dos convencionais.
Como adotar a agricultura regenerativa?
Uma das melhores formas para produtores que consideram começar a trabalhar com agricultura regenerativa é adotar, primeiramente, o sistema plantio direto. Este sistema é conhecido por trabalhar com a rotação de culturas, a cobertura do solo e a conservação do solo, três pilares essenciais da agricultura regenerativa.
O plantio direto consiste em um plantio sem revolvimento do solo. Assim, o agricultor realiza a rotação de culturas e mantém no solo resíduos da colheita anterior, protegendo a terra e conservando a umidade e a biodiversidade.
Os benefícios do plantio direto são numerosos. Em primeiro lugar, ele reduz a erosão do solo, já que a cobertura com resíduos vegetais diminui o impacto das gotas de chuva, prevenindo também o selamento do solo.
Além disso, essa cobertura vegetal reduz a evaporação da água do solo, mantendo-o úmido por mais tempo e diminuindo a necessidade de irrigação, o que é crucial para a conservação da umidade.
Outro benefício significativo é a melhoria da biodiversidade: os resíduos da colheita anterior criam um ambiente propício para a vida microbiana e outros organismos benéficos, melhorando a saúde geral do solo.
Por fim, adotando o plantio direto, acontece a rotação de culturas, que envolve alternar diferentes tipos de plantas nas mesmas áreas agrícolas, impede a exaustão de nutrientes específicos e ajuda a quebrar ciclos de pragas e doenças.